<font color=660033>Os malefícios de Cavaco</font>

Como can­di­dato à Pre­si­dência da Re­pú­blica, Ca­vaco Silva afirma ser muito sen­sível ao bem estar da po­pu­lação, ao de­sem­prego e ao cres­ci­mento eco­nó­mico. Con­tudo, a sua ac­tu­ação como pri­meiro-mi­nistro du­rante dez anos, entre 1985 e 1995, des­mente as de­cla­ra­ções ac­tuais. Os exem­plos mul­ti­plicam-se e os factos são ir­re­fu­tá­veis.
Os go­vernos de Ca­vaco Silva fi­caram mar­cados por me­didas que fa­vo­re­ceram o re­gresso de grandes grupos eco­nó­micos e em­po­bre­ceram as li­ber­dades dos ci­da­dãos e a sua qua­li­dade de vida, como o início e le­ga­li­zação das pri­va­ti­za­ções, a des­truição da Re­forma Agrária, o re­torno da re­pressão sobre ma­ni­fes­tantes, a ge­ne­ra­li­zação dos sa­lá­rios em atraso, a des­truição do apa­relho pro­du­tivo, a go­ver­na­men­ta­li­zação e ins­tru­men­ta­li­zação da co­mu­ni­cação so­cial, a li­mi­tação do di­reito à greve e li­ber­dades sin­di­cais, entre ou­tras.
Du­rante este pe­ríodo foi apro­vada vasta le­gis­lação contra os in­te­resses de muitas ca­madas da po­pu­lação, no­me­a­da­mente a que fa­ci­lita o des­pe­di­mento e in­troduz os «re­cibos verdes», que prevê as pro­pinas, que au­menta a idade da re­forma das mu­lheres de 62 para 65 anos, reduz a pro­por­ci­o­na­li­dade na com­po­sição da As­sem­bleia da Re­pú­blica e a ca­pa­ci­dade de fis­ca­li­zação dos de­pu­tados sobre a ac­tu­ação do go­verno.
No final destes dez anos de go­ver­nação ca­va­quista, o saldo foi cla­ra­mente ne­ga­tivo: con­di­ções de vida de­te­ri­o­radas; au­mento da ins­ta­bi­li­dade no tra­balho; de­mo­cracia po­lí­tica mais pobre; e maior de­pen­dência da eco­nomia por­tu­guesa e di­mi­nuição da pro­dução, sempre ca­na­li­zada para a sa­tis­fação dos in­te­resses do grande pa­tro­nato na­ci­onal e es­tran­geiro. Foi pre­ci­sa­mente por deixar Por­tugal nestas si­tu­a­ções que o PSD perdeu as elei­ções le­gis­la­tivas de 1995 e Ca­vaco Silva foi der­ro­tado nas pre­si­den­ciais do ano se­guinte.


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